Com ampla discussão, os representantes dos médicos, assistentes sociais, enfermeiros, Ministério Público, ONG Mães da Sé, Pastoral da Criança e de universidades do estado puderam se debruçar sobre um drama que se multiplica no Brasil: os casos de crianças e adolescentes desaparecidos e a falta de políticas públicas no setor.
Durante a abertura do encontro, o secretário-geral do CFM, Henrique Batista e Silva, explicou que desde 2012, o Conselho Federal se dedica, através da Comissão de Ações Sociais, à temática do desaparecimento. Dentre as ações, ele chamou atenção para a Recomendação CFM nº 4/2014 que alerta os profissionais sobre procedimentos que auxiliam na busca. “Na consulta o médico pode observar como o menor se comporta com o acompanhante, se tem marcas ou empatia, por exemplo”, ressaltou.
Entendendo o papel do médico, o presidente do Cremal, Fernando Pedrosa, explicou a importância de se discutir o tema através dos eventos propostos pelo CFM ao redor do país. “Este é um tema instigante ao qual devemos nos dedicar para proteger nossos pacientes. É um problema social gravíssimo, do qual só tivemos conhecimento por meio desse debate proposto pelo CFM. O médico, principalmente o pediatra, pode ajudar a identificar situações”.
Realidade regional - Nem a delegacia civil, nem o Ministério Público ainda conseguiram dimensionar o número de desaparecidos em Alagoas. “Implementamos neste ano o programa de localização e pretendemos criar um sistema de buscas integrado nacionalmente e desenvolver ações conjuntas e de apoio mútuo às atividades de sistematização de procedimentos, comunicações e registros de notícias de pessoas desaparecidas ou vítimas de tráfico humano, com cruzamento de dados”, apontou a assessora do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos do Estado de Alagoas (Plid-AL), Amanda Castro.
De acordo com dados compilados pelo CFM, estima-se que, no mundo, o total de casos de desaparecimento de crianças e adolescentes chega a 25 milhões. “O número de crianças desaparecidas é muito maior do que as pessoas imaginam. No Brasil há uma estimativa de que sumam 50 mil por ano, mas o governo sequer tem esse dado preciso”, ressaltou o integrante da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, que concluiu “é uma pauta que exige esperança, fora isso é ficar na omissão”.
Representando os familiares de desaparecidos, a presidente da Associação Mães da Sé, Ivanise Esperidião Santos, ressaltou sua luta e dor: "desde 2011, as Mães da Sé e o CFM trabalham em parceria na prevenção. Mas, a minha luta começou em 1995, quando a minha filha de 13 anos desapareceu. E, nessa busca, o que eu ouvi durante muito tempo é de que este assunto não faz parte da pauta do dia. Eu resolvi transformar a minha dor em uma luta porque para o poder público nossos filhos são uma estatística e, até hoje, mais de 10 mil mães já passaram pela associação Mães da Sé".
Fonte: Conselho Federal de Medicina