A confirmação do desaparecimento destas crianças surgiu de uma declaração feita pelo secretário assistente interino da Administração para Crianças e Famílias do Departamento de Saúde, Steven Wagner, durante uma sessão de um comité do Senado norte-americano, que aconteceu há cerca de um mês.
Apesar do debate sobre a imigração ilegal durar nos EUA há vários anos, continuam a entrar milhares de pessoas pelas fronteiras estado-unidenses todos os meses. Vêm de países como o México, Guatemala, El Salvador ou Honduras. Fogem destes países em procura de condições de vida melhores e fugirem à guerra e pobreza.
Muitos destes migrantes são menores que se apresentam aos serviços fronteiriços sem serem acompanhados. Ao não serem acompanhados, têm mais hipóteses de conseguirem ser aceites pelos EUA. Os serviços fronteiriços reencaminham posteriormente estas crianças para o Departamento de Segurança Nacional e, depois, para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos.
Estes departamentos entregam as crianças a uma família de acolhimento. Apenas em 2017 mais de 40.000 crianças foram entregues a famílias, informou o secretário assistente interino da Administração para Crianças e Famílias do Departamento de Saúde.
Estas crianças que são acolhidas passam a ser acompanhadas pelo Gabinete de Realojamento de Refugiados, isntituição com graves problemas, segundo relatos. Há dois anos foi revelado o caso de oito crianças que estariam sob a vigilância deste gabinete e que foram entregues a uma família que trabalhava ocultamente com uma rede de tráfico humano e acabaram a trabalhar numa quinta no Ohio, onde eram escravizadas.
As medidas de vigilância foram reforçadas pela administração dos EUA, mas os problemas e as falhas continuam a existir.
Em Outubro de 2017, o Gabinete de Realojamento de Refugiados iniciou um processo de levantamento de mais de 7.600 menores que tinham sido entregues a famílias nos EUA. Dessas 7.600 crianças sinalizadas, pouco mais de 6.000 continuavam junto da família de acolhimento.
O destino de alguns foi apurado, mas o de outros não. Entre as crianças, 52 foram realojadas com outra família, 28 fugiram de casa e cinco foram expulsas dos EUA. As restantes 1.475 estão em parte incerta
O presidente do sub-comité do Senado, o republicano Rob Portman, disse estar chocado com a revelação. "O Departamento de Saúde tem a responsabilidade de localizar estas crianças para que não sejam traficadas ou abusadas", afirmou.
"Este é um sistema que tem tantas falhas, existem tantas oportunidades para que estas crianças desapareçam por entre as falhas, que nós simplesmente não sabemos o que se passa - quanto tráfico e abuso ou memso apenas violação de leis migratórias se passam neste momento", continuou Portman.
Porém, não há certezas quanto à responsabilidade da agência. "Há muito tempo que é uma interpretação do Departamento de Saúde de que o Gabinete de Realojamento de Refugiados não é legalmente responsável pelas crianças assim que elas deixam de estar aos cuidados da agência", disse Wagner aos senadores.
Apesar de não se definir de quem é a responsabilidade, as autoridades procuram estas quase 1.500 desaparecidas depois de terem sido entregues a uma família de acolhimento.
Fonte: Sábado - Portugal