Segundo a pesquisa, o retorno voluntário do desaparecido para casa ocorre em 26% dos casos. Matheusa, no entanto, não teve chance de voltar. A estudante, que se identificava como uma pessoa de gênero não-binário (nem masculino, nem feminino), teria sido capturada por bandidos do Morro do Dezoito, em Água Santa, e submetida a um tribunal do tráfico. Condenada pelos bandidos, ela foi executada e teve, de acordo com testemunhas, o corpo incinerado.
Matheusa chegou à comunidade durante a madrugada, falando frases desconexas e sem roupa. Ela desapareceu após sair de uma festa no bairro do Encantado. A estudante, dizem testemunhas, estava transtornada. Matheusa teria caminhado por quase dois quilômetros, até chegar à favela.
Amigos da estudante, que tinha 21 anos, vão realizar nesta quarta-feira, às 18h, um ato na Capela da Uerj em sua homenagem. O “Viva Theusinha” foi organizado por alunos da universidade e pelo irmão da vítima, Gabriel Passarelli, conhecido por Gabe. A ideia é fazer uma reação pacífica ao crime, investigado pela Delegacia de Paradeiros.
Os organizadores pedem que os participantes levem mudas de plantas e usem roupas coloridas, já que a irreverência era uma das características de Matheusa, que trabalhava num projeto de arte chamado “Corpo estranho”. Nas redes sociais, amigos lamentaram ontem a confirmação da morte da estudante.
Fonte: O Globo