Vistos de perto, no entanto, os dados não explicam tamanho otimismo. Dos 20 ítens relacionados como "alguma melhora", apenas dez se referem à queda de criminalidade. Dois outros são, na verdade, somatórios dos mesmos índices anunciados e um é sobre acidentes de trânsito.
Na lista também estão as quedas nos números de mandados de apreensões e de prisões de foragidos. Mas é pouco provável que estes jovens infratores ou criminosos foragidos da Justiça tenham deixado o crime, mas provável, é que tenha havia queda de produtividade da polícia.
O gráfico divulgado tem ainda os indicadores como encontro de cadável, encontro de ossada e lesão corporal seguida de morte, que não tiveram qualquer mudança com relação a 2017.
Entre os índices de crimes contra a vida que sofreram redução, a reportagem destaca os homicídios decorrente de intervenção policial e os latrocínios, que tiveram queda no mês de março, mas também enumera o indicador de letalidade violenta, que nada mais é do que a soma dos dois primeiros títulos com os números de homicídios dolosos (que tiveram ligeira alta).
Também entraram na lista os furtos de veículos, bicicletas, demais furtos e total de furtos (que é a soma dos anteriores. Por fim, o governo comemora a redução em 100% dos sequestros, que caíram de 3 ocorrências para nenhuma; dos casos de roubos de caixa eletrônico ( de 7 para 5), a bancos ( que caíram de três para dois casos), de bicicletas (que reduziram em 69,23%), e dos roubos (demais categorias), que caíram em 25,18%. A reportagem porém, não cita os outros casos de roubos que ficaram de fora da conta: houve aumento dos casos de roubos de carga, veículos, transeuntes, celulares, ao comércio, roubos a residências, e em coletivos.
Veja os números que contradizem Temer
Roubo a transeuntes -
Março/2017: 6.109
Março/2018: 7.655
Variação: 25,31%
Lesões dolosas -
Março/2017: 3.901
Março/2018: 5.481
Variação: 40,50%
Roubo de veículos -
Março/2017: 5.002
Março/2018: 5.358
Variação: 7,12%
Ameaça -
Março/2017: 3.058
Março/2018: 4.962
Variação: 62,26%
Estelionato -
Março/2017: 1.996
Março/2018: 2.653
Variação: 32,92%
Roubo de cargas -
Março/2017: 781
Março/2018: 917
Variação: 17,41%
Roubo a estabelecimento comercial -
Março/2017: 527
Março/2018: 636
Variação: 20,68%
Tentativa de homicídios -
Março/2017: 449
Março/2018: 557
Variação: 24,05%
Homicídios dolosos -
Março/2017: 498
Março/2018: 503
Variação: 1%
Estupro -
Março/2017: 421
Março/2018: 452
Variação: 7,36%
Pessoas desaparecidas -
Março/2017: 350
Março/2018: 428
Variação: 22,29%
Extorsão -
Março/2017: 131
Março/2018: 134
Variação: 2,29%
Roubo a residência -
Março/2017: 98
Março/2018: 111
Variação: 13,27%
Roubo com condução da vítima para saque -
Março/2017: 4
Março/2018: 5
Variação: 25%
Extorsão com privação momentânea de liberdade -
Março/2017: 1
Março/2018: 4
Variação: 300%
Policiais militares mortos em serviço -
Março/2017: 1
Março/2018: 4
Variação: 300%
Por meio de nota, a secretaria de comunicação da Presidência afirmou que os dados comentados pelo presidente referem-se a uma pesquisa feita pelo portal Governo do Brasil e reiterou que Temer não fala sobre queda dos indicadores, mas sobre uma melhora nos mesmos:
"Os dados sobre segurança pública no Rio de Janeiro, comentados nessa sexta-feira (27/04) no Twitter pelo presidente Michel Temer, referem-se a uma pesquisa feita pelo portal Governo do Brasil. O presidente, no Twitter, não fala em queda dos indicadores, mas em melhora deles. Afirma ainda que muito precisa ser feito. Todos os indicadores na pesquisa são indicadores de segurança pública. O portal divulgou o link com os dados do recorte para garantir a transparência da informação e como complemento para a arte que pode ser vista junto à reportagem. O governo reafirma o compromisso de devolver tranquilidade ao povo do Rio de Janeiro."
Fonte: Jornal EXTRA