O primeiro abraço de Clementia e Mauro foram registrados em vídeo pela organização — eles não se largaram por cinco minutos. O reencontro colocou fim à angústia e à incerteza de mais de uma década e meia da hondurenho, que viu os dois filhos saírem de casa com destino aos Estados Unidos. O mais velho, Jorge Orlando, continua desaparecido.
De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que ajudou na divulgação do apelo de Clementia, todos os dias três famílias são reunidas no mundo e 12 sumidos são encontrados por parentes. O trabalho das organizações ainda permite 1,44 mil ,ligações entre familiares separados diariamente. O núcleo de clãs que pedem ajuda para achar entes queridos quase dobrou em dois anos: de 9,6 mil, em 2012, para 18 mil, em 2016.
Ao rever o filho, fruto do trabalho na caravana de mães de migrantes desaparecidos, Clementia conheceu a neta, María Guadalupe Parada, de 15 anos. O hondurenho se lançou à aventura de entrar ilegalmente nos Estados Unidos em 2001, aos 22 anos — mesma jornada escolhida pelo irmão mais velho, Jorge, em 1987. A caminho do sonho americano, Mauro conheceu Claudia Ivette Parada e decidiu se estabelecer no México. De lá, não sabia como contatar a mãe no país natal.
Clementia deixou a cidade de San Pedro Sula rumo ao México há cinco anos e passou anos a gritar o nome do filho em praças lotadas em busca de indícios do paradeiro dele. Foi a própria mulher de Mauro, Claudia Ivette, quem viu a sogra com a foto do marido em um veículo de imprensa e o alertou.
"Eu fiquei tão emocionada que esqueci da minha diabetes. Eu nunca vou parar de abraçá-lo. Eu o perdoo por tudo. Eu senti a falta dele", explicou a mãe, que vai voltar para casa e descansar um tempo até retomar a procura do primogênito. Se encontrou Mauro, ela tem esperança de que, mais cedo ou mais tarde, vai achar Jorge, segundo a organização.
Fonte: O Globo