O primeiro pacto, um memorando de entendimento, foi assinado pelo ministro dos Transportes, Maurício Quintella, e o ministro boliviano de Obras Públicas, Milton Claros Hinojosa, a fim de melhorar o tráfego ferroviário entre os dois países sul-americanos.
Descrito como um projeto de "suma importância estratégica na região", o chamado corredor ferroviário bioceânico prevê a futura construção de uma ferrovia entre os portos de Santos, no litoral Atlântico, e de Ilo, cidade peruana no Pacífico, passando pelo território boliviano.
Temer afirmou que a integração física entre os oceanos é "fundamental" e que "a conexão ferroviária facilitará o transporte de produtos e gerará mais prosperidade para nossos povos".
"Avançar neste trem está nas nossas mãos. Com isto ganhamos todos: cortamos tempo, cortamos distâncias, reduzimos custos, venderemos muito melhor nossos produtos. E essa é a verdadeira integração", disse Morales durante a cerimônia de assinatura.
O segundo acordo é um esforço para aumentar a segurança nas fronteiras entre Brasil e Bolívia. O ato de cooperação policial tem o objetivo de fortalecer a prevenção e o combate ao crime organizado, bem como terrorismo, roubo de veículos, tráfico de pessoas, drogas e armas de fogo, entre outros.
Segundo o Planalto, a visita de Morales ao Brasil foi também destinada a fortalecer a coordenação bilateral em temas como energia, temas migratórios e consulares, comércio e investimentos.
Morales possui interesses relacionados à venda de gás natural, uma vez que a Bolívia deseja expandir seus parceiros comerciais e vender o excedente de produto que não está sendo consumido atualmente pela Petrobras, que é compradora do gás do país.
O líder boliviano aterrissou em Brasília na noite desta segunda-feira, depois de o encontro ter sido cancelado por Temer duas vezes nos últimos dois meses. Nesta terça, ao chegar ao Palácio do Planalto, foi recebido com honras militares e um aperto de mão do presidente no alto da rampa que conduz ao primeiro andar do edifício.
Morales é o primeiro presidente do chamado eixo bolivariano que visita o Brasil desde o impeachment de Dilma Rousseff. Na ocasião, ele classificou a cassação da petista de "golpe" e chegou a convocar para consulta o embaixador boliviano em Brasília.
O Brasil, no entanto, é o maior parceiro comercial da Bolívia. É também o principal mercado de destino das exportações bolivianas, com 19% do total. Em 2016, o intercâmbio bilateral alcançou 2,8 bilhões de dólares.
Nesta terça-feira, Temer ainda destacou que os dois países compartilham vínculos históricos e humanos, além de uma ampla região de fronteira. "Diálogo e respeito mútuo trazem resultados muito positivos, e é o que demonstra a recente evolução das relações do Brasil com a Bolívia e, particularmente, é o que representa a visita de Vossa Excelência", disse o presidente.