Um cadastro nacional unificado - e com punições para os estados que não atualizarem os dados - é mais uma esperança pra quem busca pessoas desaparecidas.
Patrícia chora ao lembrar do filho, Maycon, de 18 anos - que desapareceu. O último contato que ela teve com o filho foi no dia 29 de abril deste ano. Patrícia não sofre sozinha. A filha da Genice, Yanara, saiu de casa no dia 20 de fevereiro de 2016 e nunca mais voltou. Na época a jovem tinha 15 anos. Já são quase dois anos de angústia.
No Brasil, 190 pessoas desaparecem em média por dia. São oito casos por hora - segundo o Fórum Brasileiro de Segurança. Só no ano passado mais de setenta e uma mil pessoas sumiram. A maioria em São Paulo, depois Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Hoje já existe um cadastro de desaparecidos. Mas o que dificulta o serviço é que não há uma obrigação de atualizar os dados e nem um acompanhamento. Mas um projeto aprovado pela Câmara dos deputados promete mudar isso. Ele cria um cadastro nacional que pode tornar mais eficiente a busca pelos desaparecidos.
Pela proposta, as informações do banco de dados vão ser compartilhadas entre todos estados. Terá descrição física e fotos. E também um espaço sigiloso, para os investigadores, com informações genéticas. A relatora do projeto, deputada Eliziane Gamma (PPS-MA) diz que os estados que não atualizarem os dados serão punidos.
Para a especialista em política social Maria Lúcia Pinto Leal, o cadastro pode agilizar a localização dos desaparecidos, mas não vai funcionar sozinho.
“É uma ferramenta muito importante porque se ele bem articulado e descentralizado para os estados e municipios e houver uma relação aguda, forte entre os estados e o cadastro, com orçamento e condições objetivas, ele tem um papel de política importante. É preciso que essa rede funcione quando esse dado cair nesse sistema, nesse fluxo. Ele tem que ser ágil, rápido, competente”, diz ela.
Fonte: Jornal Hoje