Enquanto as companhias aéreas conectam empresas a seus mercados, reúnem famílias e amigos, promovem o turismo e o intercâmbio cultural, seus serviços podem ser mal utilizados por criminosos para facilitar o tráfico de homens, mulheres e crianças.
Durante a 73ª Reunião Geral Anual da Associação de Transporte Aéreo Internacional (IATA) e a Cúpula Mundial do Transporte Aéreo, Jean-Luc Lemahieu, diretor da divisão de análise de políticas e assuntos públicos do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), disse: “como pai de quatro filhos, usar o termo ‘tráfico de pessoas’ no século 21 é francamente de partir o coração”.
“Conflito, crise, mudanças climáticas, pobreza fazem com que 65,3 milhões de pessoas tenham que fugir, deixando suas casas e abrigos para trás dentro de seus países ou através das fronteiras”, declarou, acrescentando que, buscando oportunidades novas e incertas, longe de terrenos familiares, muitos se colocam involuntariamente ou conscientemente em posições muito arriscadas e vulneráveis.
Para ter avanços, os governos e as agências de aplicação da lei devem intensificar os esforços para identificar, investigar e processar aqueles que perpetram esses crimes, disse Alexandre de Juniac, diretor-geral da IATA. Apontando os últimos desdobramentos, ele reconheceu que mais companhias aéreas estão se envolvendo em iniciativas para combater o tráfico humano.
Segundo Lemahieu, o tráfico de seres humanos é um crime invisível, já que muitas vezes se mistura com fluxos de migração regulares. Por meio da campanha “Coração Azul”, o UNODC tem como objetivo aumentar a conscientização sobre a situação das vítimas de tráfico humano e construir apoio político para combater esse crime. Como o primeiro país a participar da campanha em 2010, o México é um dos aliados da organização.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o tráfico de pessoas movimenta 31 milhões de dólares por ano. Em qualquer momento, cerca de três em cada 1 mil pessoas em todo o mundo são submetidas a trabalhos forçados ou exploração sexual, somando 150 milhões de dólares que vão para os criminosos.
Juniac também afirmou que a associação trabalhará por meio da sua estrutura de governança para encontrar formas de auxiliar as companhias aéreas na luta contra o tráfico de pessoas.
Mike McCarty, vice-presidente sênior e gerente geral da CNN International, explicou por que uma grande companhia internacional decidiu se envolver em um assunto tão difícil e angustiante.
Com o Freedom Project, a CNN se une à luta para ampliar as vozes das vítimas da escravidão moderna, destacar histórias de sucesso e ajudar a desvendar o emaranhado das empresas criminosas que comercializam a vida humana.
A 73ª Reunião Geral Anual da IATA e a Cúpula Mundial do Transporte Aéreo reuniram mais de 1 mil delegados e representantes da mídia, além de executivos de cerca de 275 companhias aéreas em Cancún, no México.
Fonte: ONUBR