A iniciativa da ação é do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e da Sociedade Brasileira de Pediatria. A atividade faz parte da Semana de Mobilização Nacional para Busca e Defesa da Criança Desaparecida.
Ricardo Paiva, integrante da Comissão de Ações Sociais do CFM, disse que uma das reivindicações das entidades é para que o cadastro nacional de desaparecimentos realmente funcione. Outra demanda é que todos os boletins de ocorrência com registro de desaparecimento de crianças e adolescentes sejam notificados obrigatoriamente ao Ministério da Justiça.
Outra bandeira das entidades é a criação de uma carteira de identidade unificada, já que a possibilidade de se obter o documento em 27 unidades da Federação facilita o desaparecimento e o tráfico de crianças, segundo Paiva.
"Existe a Lei da Busca Imediata [ Lei nº11.259/2005 ] que nem a polícia sabe que existe. Não precisa esperar 48 horas, é para começar a busca na hora [em que for notificado o desaparecimento de criança ou de adolescente]. Esse tema é doloroso, mas existem recomendações de como evitar e de como proceder se ocorrer o desaparecimento", explicou Paiva.
A Comissão de Ações Sociais do CFM chama atenção para números alarmantes: no Brasil, são registrados, em média, 50 mil casos de desaparecimento de crianças e adolescentes por ano. São Paulo detém cerca de 30% desse número, seguido do Rio de Janeiro e de estados do Nordeste. Ainda que a maioria dos desaparecimentos seja solucionada nas primeiras 48 horas, existe um percentual de 15% a 20% de crianças e adolescentes que não são encontrados por um longo período de tempo.
"Muitas dessas crianças vão parar em trabalho escravo, adoção ilegal e exploração sexual de menores", disse o presidente do Cremerj, Nelson Nahon. "É uma semana de conscientização e de alerta para medidas preventivas: por exemplo, que os pais coloquem pulseiras de identificação nas crianças quando vão à praia e a eventos."
Filho desaparecido
Paulo da Cruz Silva, de 45 anos, pai de Kelvem, conta que o filho que foi arrancado dos braços da mãe quando tinha 10 meses, em 23 de fevereiro de 2005. Segundo Silva, o menino foi levado por duas mulheres e um rapaz e nunca mais foi visto.
"Daquele dia em diante, nossa vida praticamente acabou. Minha mulher ficou com problema psicológico. Eu era motorista de ônibus e nunca mais pude dirigir um ônibus. Eu não tinha mais condições de nada. Tem 12 anos que carrego essa dor", recordou. "Foi como procurar agulha no palheiro."
Depois de Kelvem, o casal teve mais três filhos, hoje com 11, 8 e 3 anos. "Você pensa que vai amenizar tendo outros filhos, mas não ameniza. É para sempre. O problema só aumenta. Nunca parei e não pretendo parar de buscá-lo. Só quando Deus me levar ou trouxer meu filho de volta", disse Silva.
Como evitar o desaparecimento
Desde cedo, ensine à criança o nome completo e o telefone dos responsáveis.
Faça, o quanto antes, a carteira de identidade da criança.
Oriente a criança a não dar informações a qualquer estranho que se aproxime.
Ensine a criança a não aceitar alimento, falar ou sair com estranhos ou pessoas não autorizadas.
Converse com seu filho, procure conhecer os amigos dele e saber com quem ele fala.
Fique atento ao que o adolescente e a criança fazem na internet.
Não deixe uma criança pequena brincar na rua sem a supervisão de um adulto.
Acompanhe sempre a vida de seu filho.
Como proceder após o desaparecimento
Denuncie imediatamente o desaparecimento à polícia e faça o boletim de ocorrência.
Divulgue, o mais rápido, uma foto recente nas redes sociais, nas televisões e nos jornais.
Procure o Conselho Tutelar de sua cidade.
Disque 100. A ligação é gratuita
Fonte: Agência Brasil