O sumiço de Etan, aos seis anos de idade, traumatizou Nova York por quase 40 anos, mas agora o caso parece finalmente ter sido encerrado, apesar de seu corpo nunca ter sido encontrado.
Ele desapareceu em 1979, no bairro do Soho, que na época era habitado por pessoas de classe média baixa.
Etan sumiu no dia em que os pais deixaram que ele caminhasse sozinho até o ponto do ônibus escolar: o menino nunca entrou no veículo, ninguém o viu e ele jamais voltou para casa.
A confissão
Trinta e três anos mais tarde, em maio de 2012, Pedro Hernández, morador do bairro de Maple Shade, em Nova Jersey, confessou ter matado Etan.
Mas foi apenas na terça-feira passada, depois de deliberar durante nove dias, que um júri considerou Hernández culpado do sequestro e assassinato do menino. A sentença deve ser anunciada no próximo dia 28.
"É uma história que inspira cautela, um marco, uma perda da inocência", disse Joan Illuzzi, a promotora adjunta de Manhattan. "É Etan que vai simbolizar para sempre a perda desta inocência".
O veredito marca o encerramento de um dos crimes mais antigos e dolorosos de Nova York, de acordo com uma declaração da promotoria.
No entanto, os advogados de defesa alegaram, durante o julgamento, que Hernández sofria de esquizofrenia e não conseguia diferenciar a realidade da fantasia.
Um psiquiatra, ouvido como testemunha, disse que a confissão pode ter sido resultado de alucinações, informou o jornal Newsday.
A filha de Hernández contou que ouvira o pai uma vez mencionar visões de anjos e demônios.
"Pedro Hernández é um homem estranho, limitado e vulnerável", disse o advogado de defesa Harvey Fishbein na argumentação final. "Ele é inocente".
Os promotores sugeriram, no entanto, que Hernández, hoje com 56 anos, simulou ou exagerou os sintomas da sua suposta doença mental.
Quando foi preso, em 2012, Hernández disse à polícia que tinha atraído a criança ao oferecer-lhe um refrigerante. Depois, estrangulou Etan no porão do bar onde trabalhava e que ficava perto do ponto do ônibus escolar.
Hernández disse que colocou o corpo numa bolsa e a abandonou em um beco cheio de lixo.
Ele foi o primeiro suspeito preso por causa do desaparecimento de Etan Patz.
Nova pista
Apenas no início de 2012 é que o caso voltou a ser investigado, após o surgimento de uma nova pista em Nova York.
A polícia passara vários dias quebrando o piso de concreto de um porão próximo ao ponto de ônibus para onde Etan se dirigia na manhã em que desapareceu. Mas os policiais não acharam o corpo.
Os policiais não acharam o corpo, mas a operação tinha recebido grande cobertura da imprensa, o que resultou em um telefonema ao departamento de crianças desaparecidas da polícia de Nova York.
Essa chamada levou os policiais a Hernández, que acabou confessando o crime.
Segundo o comissário da polícia de Nova York, Raymond W. Kelly, o telefonema foi feito por um parente de Hernández.
Este parente contou ter ouvido ele dizer que tinha matado um garoto em Manhattan.
Uma das dificuldades do julgamento foi provar que as declarações de Hernández eram verdadeiras.
"O fato de Hernández ter contado isso aos outros no passado e os detalhes da sua confissão" tornam suas declarações plausíveis, disse Kelly a jornalistas em 2012.
Símbolo
No dia 25 de maio, o desaparecimento de Etan completará 38 anos.
O pai dele, Stanley Patz, e a mãe, Julie, se tornaram ativistas de causas ligadas a crianças desaparecidas.
Em 1983, o então presidente Ronald Reagan declarou 25 de maio como o Dia Nacional das Crianças Desaparecidas, em homenagem a Etan Patz.
O caso - e o engajamento dos pais - levou à criação de leis locais e nacionais para melhorar a proteção das crianças.
Por exemplo, hoje é rotina nas escolas telefonar para os pais quando uma criança não chega para a aula.
A mãe de Etan disse que só soube do desaparecimento do filho oito horas depois, quando ele não voltou da escola.
Fonte : BBC