Na última sexta, após quatros meses de investigação, a Polícia Federal (PF) prendeu um dos responsáveis pela prática no Estado nos anos 1990. Luciano Vasconcelos, hoje com 63 anos, não só vendeu crianças ilegalmente como também aliciou gestantes para comprar seus bebês. Em 1993 Luciano foi preso em flagrante pela Polícia Civil, por guardar três crianças de cerca de um ano de idade em um apartamento, sem nenhum cuidado com higiene e alimentação.
Os policiais foram chamados depois que vizinhos acharam estranha a movimentação frequente de estrangeiros no local, assim como o choro das crianças. Seis anos depois, ele foi condenado por aliciar uma gestante, com o intuito de comprar o bebê por R$ 800. Luciano estava morando no Espinheiro e foi preso ao chegar a um hospital privado no Paissandu, área Central do Recife, com o intuito de realizar um tratamento renal. Um levantamento da PF encontrou mais de 15 endereços onde ele poderia estar.
No TJPE há ainda um caso de 1992 em que Luciano é réu por venda ilegal de crianças em Chã de Alegria, na Mata Norte do Estado, mas que foi prescrito. Para quem fica, após um desaparecimento, fica a dúvida. Comumente, não há como descobrir o que aconteceu. "Ela pode estar no exterior, a gente sabe", cogita Adriana Rodrigues, 32, que não sabe onde a filha Kamilly Rodrigues está desde 2011. O caso ocorreu há cinco anos, mas o desespero da mãe é renovado diariamente. "Só eu sei como foi viver os aniversários dela e o dia das crianças nesses anos, sem ela. Fizemos tudo que podemos para encontrá-la.
A delegada Gleide Ângelo, na época responsável pelo caso, não conseguiu encontrá-la. Na época fiz muitos protestos, falei em muitos lugares. Estou me organizando para protestar novamente, porque isso não pode ficar assim." A mãe Adrienne Silva, hoje com 17 anos, também tem esperanças de encontrar a filha, desaparecida desde os 12 anos. "Ela estava brincando com as amigas na frente de casa, num domingo de páscoa. Entrou em casa, pegou a bicicleta e saiu. Nunca mais a vimos. Procurei em todas as casas onde as pessoas a conheciam. A polícia também. Ela pode estar viva, porque nunca encontraram um corpo. Eu espero que minha filha volte."