"Aumentamos a vigilância nos postos de fronteira e também empreendemos uma investigação sobre o caso", disse o porta-voz da polícia nepalesa, o inspetor geral adjunto Madhav Joshi.
Crianças que viajam à Índia, muitas delas afetadas pelos terremotos que abalaram grande parte do Nepal no ano passado, são vendidas como escravas para o serviço doméstico no Reino Unido pelo equivalente a cerca de US$ 7,5 mil, de acordo com uma informação do jornal britânico "The Sun" repercutida pela imprensa do Nepal.
O Ministério do Interior nepalês ordenou ontem a investigação, realizada pela polícia com a colaboração de ONGs que trabalham contra o tráfico de pessoas. O porta-voz policial indicou que não constam denúncias à polícia sobre crianças desaparecidas, o que não ajuda nas pesquisas.
O Ministério de Mulheres, Crianças e Bem-estar Social nepalês convocou para amanhã uma reunião de representantes de organismos públicos e ONGs para analisar os passos a serem dados, segundo a secretária adjunta deste departamento Radhika Aryal.
"Aqueles que perderam os pais no terremoto são presas fáceis dos traficantes", considerou um porta-voz de Maiti Nepal, Achyut Nepal, uma das entidades que colabora com a polícia.
Maiti Nepal e Didi Bahini ajudam há muito tempo a detectar o tráfico de pessoas em postos fronteiriços. Segundo dados de Maiti Nepal, pelo menos 4.581 mulheres e crianças foram identificadas no ano passado nestes pontos como potenciais vítimas dos traficantes, por isso foram parados na fronteira para evitar que caíssem em suas redes.
"Os traficantes continuam a explorar diferentes rotas para driblar os postos de controle. É difícil manter a vigilância sobre toda a área fronteiriça porque é uma fronteira aberta", ressaltou o porta-voz da organização.
O Nepal tem quase 1,7 mil quilômetros de fronteira com a Índia no sul do país. O terremoto que o país sofreu em 25 de abril do ano passado e suas réplicas deixaram cerca de 9 mil mortos e mais de 22 mil feridos.
Um mês depois do terremoto, o governo nepalês proibiu que os menores de 16 anos viajassem sem os pais ou pessoas autorizadas para fora de seus distritos, de modo a evitar o tráfico de crianças, um perigo alertado por organismos como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).