Durante a abertura, Antonio Jorge, disse que “O objetivo da campanha lançada pelo Conselho Federal de Medicina é chamar atenção dos médicos e de outros profissionais da saúde a colaborarem com a busca das crianças desaparecidas e ainda orientar os pais e responsáveis para evitar o problema”. Participaram representantes da Secretaria de Estado de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, Divisão de Atendimento ao Adolescente (DATA), Fundação Pró-Paz, Sindicato dos Médicos, Sociedade Médico-Cirúrgica do Pará, Ministério Público do Estado e CNBB.
Com o tema: “Crianças Desaparecidas: Comunicação de Interesse Público e o Papel do Médico na Detecção”, conselheiros e a sociedade civil debateram como o médico pode ajudar as famílias e a polícia a solucionar os casos.
O conselheiro Paulo Guzzo agradeceu a presença de todos e falou da iniciativa do CFM através da Recomendação publicada recentemente pelo órgão. “O documento chama atenção para que os médicos estejam atentos às atitudes das crianças. O médico pode observar como ela se comporta com o acompanhante, se demonstra medo, choro ou aparência assustada. O papel do médico será super importante nesse momento. Ao detectar a situação de risco, o médico pode e deve acionar os órgãos responsáveis”.
De acordo com o delegado Fabiano Amazonas, diretor da Divisão de Atendimento ao Adolescente (DATA), “De janeiro a maio de 2015, 165 casos foram registrados na Região Metropolitana de Belém. Desse total, 128 casos foram solucionados e 37 crianças continuam desaparecidas”.
Segundo o delegado, a maioria dos conflitos começa dentro de casa e, se agrava, muitas das vezes, com a ausência dos pais e o acesso as redes sociais. “É nessa hora que o papel dos pais é fundamental”.
Lançado pela Divisão de Atendimento ao Adolescente, o SILCADE, sistema de busca aos desaparecidos, abriga fotos e informações sobre todas as crianças e adolescentes que ainda não tiveram seus casos solucionados pela polícia civil.
"A principal dificuldade no caso dos adolescentes é quando a própria vítima não quer ser encontrada e geralmente foge de casa por uma questão de maus tratos, perseguição familiar ou mesmo por estar em fase de rebeldia e quer fugir, às vezes com uso de drogas. Isso dificulta um pouco o trabalho da polícia", explica o delegado Fabiano.
Para a assistente social Eugênia Fonseca, da Fundação Pró-Paz, os médicos serão peças fundamentais nesse trabalho. “Além da análise clínica, entra em cena a análise social. O médico, por exemplo, poderá saber quem é o responsável por estar acompanhando aquela criança. Isso irá nos ajudar e muito a solucionar os casos que estão pendentes junto ao Pró-Paz e Data. Será um grande parceiro para nós”.
A promotora de justiça, Mônica Freire, falou da iniciativa do CRM-PA em abordar o tema. “Isso mostra que não só a sociedade civil está engajada em solucionar os casos. A participação dos médicos será fundamental nesse trabalho. Muitas crianças e adolescentes terão um dia que procurar o médico, aí o trabalho minucioso em detectar se aquela criança está em situação de risco”.
Mônica Freire ressalta também que muitas vezes o registro do desaparecimento de crianças e adolescentes só ocorre após 24 horas da perda. “A mentalidade da população ainda é de esperar para registrar o desaparecimento à polícia, mas esse registro tem que ser feito imediatamente, para que as buscas sejam iniciadas o mais rápido possível”, disse a promotora.
Representando a Secretaria de Saúde do Estado, o médico Hélio Franco, disse que “Um dos fatores principais para o desaparecimento é a pobreza que assola muitas dessas crianças e adolescentes. A maioria dessas crianças e adolescentes buscam as ruas para fugir da realidade em que vivem”.
“Os números são alarmantes e nos impressionam”, afirmou Henriqueta Cavalcante, da Comissão de Justiça e Paz, da CNBB. “Precisamos nos unir e lutar, com todas as forças e com todos os meios possíveis para tentar encontrar essas crianças e adolescentes. Os médicos irão ajudar e muito através da campanha lançada pelo CFM”, disse a missionária.
Por ano, estima-se que 50 mil crianças somem no país e cerca de 250 mil ainda não foram solucionados. No mundo esse número chega a 25 milhões. “Os Conselhos de Medicina enaltecem a grave situação que afeta a sociedade brasileira, notadamente a parcela mais carente. Queremos pedir aos médicos para que fiquem atentos, principalmente os da área de Pediatria, pois é cada vez maior o número de casos”, alertou o presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima.
Ao final das exposições dos palestrantes, os conselheiros puderam fazer perguntas e tirar suas dúvidas de como detectar se aquele paciente pode estar entre os desaparecidos.
Fonte:CRM-PA